Imagine uma viagem ao futuro até o ano de 2050. Nos livros de história e biologia, a pandemia de Covid-19 estará retratada como parte do passado: pessoas de máscara, quarentena, rotinas alteradas, cuidados redobrados com a higiene e medo do contágio. Esse registro para o futuro, porém, já está sendo escrito hoje por quem vivencia a crise sanitária mundial. Para ajudar a contar essa história para as próximas gerações, a Fiocruz lança o projeto ‘Arquivos da Pandemia’, que busca reunir registros que documentem esse período.
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Arquivos da Pandemia: envie sua contribuição
A iniciativa, coordenada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), receberá textos, desenhos, fotografias e vídeos que registrem as vivências de profissionais e estudantes da instituição. Podem participar tanto aqueles que atuam na linha de frente das ações de enfrentamento à Covid-19 como os que estão submetidos a rotinas de trabalho e estudo remotos, assim como indivíduos que vivem em territórios nos quais a Fiocruz está presente. Para participar, é necessário preencher o formulário online e compartilhar situações relacionadas ao cotidiano da pandemia: como a Covid-19 afetou o dia a dia, alterou a percepção do tempo e as relações sociais, além de pensamentos e emoções despertados, por exemplo.
A ideia é que, após a coleta, preservação e gestão, os registros estejam disponíveis para consulta e possam ser usados em projetos culturais, como publicações e exposições, ou em pesquisas no campo da história social. “Esses materiais de natureza pessoal formarão um arquivo digital que ajudará as gerações futuras a compreender como passamos por este período”, explicou Luciana Heymann, historiadora da COC e coordenadora do projeto.
“O ‘Arquivos da Pandemia’ é uma iniciativa inovadora da COC/Fiocruz, uma vez que dá aos indivíduos o protagonismo dessa história, estimulando que eles definam o que consideram relevantes para constituir uma memória digital desse momento”, completou Paulo Elian, diretor da COC. A utilização do material está condicionada à autorização do participante.
Muito além de documentos oficiais
Como órgão de saúde pública, a Fiocruz produz registros documentais que serão fontes para a escrita da história da pandemia. O ‘Arquivos da Pandemia’ amplia as possibilidades de conhecimento sobre esse evento, já que instantâneos do cotidiano, registros afetivos e narrativas de homens e mulheres comuns vão diversificar as fontes que nos permitirão conhecer os efeitos da crise da Covid-19 na vida individual e coletiva.
“Registros de experiências relacionadas ao isolamento social, ao engajamento em ações solidárias, às novas rotinas domésticas e às emoções que possam ter surgido durante este período são bem-vindos ao acervo, que pretende documentar experiências humanas a partir da perspectiva de cada participante do projeto”, explicou Luciana Heymann.
De acordo com Heymann, convidar pessoas que vivem em territórios próximos aos diversos campi da instituição para participar do projeto vai enriquecer essa memória tanto no sentido de retratar situações que evidenciem desigualdade, como no de documentar ações e experiências consideradas importantes por essas pessoas. “Os registros das populações do entorno da Fiocruz vai garantir um conjunto diversificado, democrático e representativo de realidades com as quais a Fiocruz interage historicamente, por meio de projetos, ações solidárias e parcerias”, destacou.
Outro ganho do projeto para a Fiocruz é que esses relatos se tornarão parte da memória institucional, contada a partir da história de personagens que se relacionam com a instituição. “A pandemia é um evento sanitário de escala global com impacto individual e coletivo, portanto, o maior alcance que pudermos obter na coleta de registros que retratem esse momento – integrando estas memórias ao arquivo institucional – será de grande valia para as próximas gerações e para a história da instituição”, concluiu Paulo Elian.