Documentos, fotos inéditas e peças museológicas que pertenceram a Oswaldo Cruz, um dos mais renomados cientistas do século XX, estão disponíveis para consulta na Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz, que reúne uma extensa documentação histórica sobre a vida do cientista, proveniente do arquivo pessoal, da coleção bibliográfica, e de peças museológicas que se encontram sob a guarda Casa de Oswaldo Cruz. A Biblioteca une a pesquisa histórica e o uso do acervo em uma plataforma digital, em português e inglês, e atende os padrões de acessibilidade para pessoas com deficiência.
Para a pesquisadora Nara Azevedo, uma das coordenadoras do projeto, a iniciativa tem uma simbiose de competências profissionais que expressam o legado de Oswaldo Cruz: "essa integração representa uma visão de país e de ciência que prezamos e defendemos, e que faz parte da própria visão do cientista". A também coordenadora Analuce Girão destaca a colaboração da família do pesquisador: “Além do acervo da Casa de Oswaldo Cruz, recebemos várias doações, o que torna essa experiência digital enriquecedora e permite conhecer um pouco mais do cientista por meio da sua vida pessoal”, explicou.
Muito mais do que os documentos relativos ao trabalho, o público vai encontrar na biblioteca o mapa interativo dos portos marítimos e fluviais do Brasil que Oswaldo Cruz visitou para checar as instalações sanitárias, fotografias tiradas pelo próprio cientista, caricaturas, charges e áudios com músicas que ora criticavam, ora exaltavam o trabalho do sanitarista. Vale à pena conferir as cartas de Oswaldo à família, onde além de relatar o seu dia a dia, oferecia uma visão etnográfica, política e às vezes, pessoal dos acontecimentos.
O documento mais antigo da série presente nesta amostra, de 13 de abril de 1891, é uma carta do estudante Oswaldo, muito saudoso, à sua jovem noiva Emília, a Miloca, que passava férias em Caxambu. A coleção termina com outra carta enviada por Oswaldo Cruz de Petrópolis em 27 de fevereiro de 1915 à esposa, que estava em Londres com os filhos e o genro, na qual encontramos uma bem-humorada descrição do Carnaval daquele ano, um “escândalo de indecência”, com um número fantástico de “versos obscenos” e pessoas andando quase nuas. Dentre as fantasias, Oswaldo Cruz destacava a de Kaiser e a de uma mulher de “maillôt, que trazia juntado na dérrière um colossal cachorro!”.