Quando o tema é aprendizagem de assuntos relacionados a ciência e tecnologia, os museus desempenham um papel tão importante quanto as escolas. A constatação é do diretor do Institute for Learning Innovation (EUA), John H. Falk, que participou do evento Ciência e sociedade: inclusão e empoderamento, promovido pelo Museu da Vida. “A visão predominante é a de que museus de ciência são legais, mas que não são necessários. Eu argumento que são necessários. As evidências que eu e outras pessoas estamos começando a coletar sugerem que os museus são tão importantes quanto as escolas no que se refere à sua contribuição para o entendimento da ciência pelo público”, declarou.
Durante o evento, ele apresentou os resultados do Estudo Internacional de Impacto de Centros de Ciência, uma pesquisa em grande escala que fornece um perfil inicial das contribuições dadas por essas instituições para o interesse e o entendimento público em ciência. A pesquisa reuniu evidências de que a existência de um museu de ciência em uma determinada comunidade tem um impacto positivo no interesse, no engajamento e no conhecimento que seus residentes têm em relação a temas científicos.
“As pessoas que vão a centros de ciência, independentemente de sua renda, grau de instrução ou mesmo do seu interesse em ciência, se beneficiam de tais experiências”, declarou Falk, que também é professor de Aprendizado de Livre Escolha da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Oregon (EUA). Ele ressalta ainda a importância de se conduzir estudos de impacto em instituições desse tipo. “Se você vai colocar recursos e energia em algo, é importante saber se você está fazendo diferença [para o público]”, afirma.
Museus precisam oferecer experiências transformadoras, diz pesquisadora
Também professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Oregon, Lynn D. Dierking sustenta que os museus de ciência precisam proporcionar experiências transformadoras para o público. Uma forma de fazê-lo, na avaliação dela, é através de atividades de mais longa duração. “Em muitos museus, você só caminha e olha, você não faz [nada]. [Acho importante] oferecer oportunidades para que se arregace as mangas e se faça coisas, seja nas próprias exposições dos museus ou em programas de outros tipos”, diz.
Para ela, a construção de relações interpessoais entre o público e os guias ou mentores dos museus é um elemento com potencial transformador. “Os jovens com os quais eu trabalho em particular não têm oportunidades de fazer coisas especiais ou de se sentirem especiais”, diz. “Muitos desses garotos odeiam a escola, sentem-se desestimulados por ela. Porém, adoram coisas mais ágeis. Há evidências de que eles podem se inspirar fora do ambiente escolar e lá encontrar mais razões para se envolver e participar mais da escola”, explica.
Em sua apresentação, a diretora da área de Ciência e Sociedade do Centro de Ciências Maloka, em Bogotá (Colômbia), Sigrid Falla, discutiu os resultados do Estudo Internacional de Impacto de Museus e Centros de Ciência. Identificou-se, segundo ela, que o público que frequenta o centro vive, em grande parte, nas suas imediações. O desafio agora, aponta Sigrid, é atrair também visitantes de outras áreas. “Percebemos que pessoas de renda mais baixa não sentiam que pertenciam ao lugar [centro de ciências]”, declarou.