O fundo IOC, sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz, retrata a gênese da Fiocruz e seu processo de desenvolvimento. Entre os itens, está o conjunto de 7.682 negativos de vidro reconhecidos em 2012 pela Unesco, por meio do Programa Memória do Mundo, como patrimônio relevante para a história da Humanidade. Os negativos de vidro, utilizados de 1900 a 1960, conservam a imagem com nitidez e riqueza de detalhes.
Produzidos por J. Pinto, primeiro fotógrafo contratado para o IOC por Oswaldo Cruz – um apaixonado por fotografia –, e que permaneceria na instituição entre 1903 e 1946, os negativos de vidro apresentam em múltiplas imagens a origem do Instituto, em cenas cotidianas das atividades de produção de soros e vacinas, de pesquisa e ensino em medicina experimental. Integram também o conjunto as imagens produzidas durante as expedições pioneiras de cientistas de Manguinhos, às regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, incumbidos dos primeiros levantamentos das condições de vida, trabalho e saúde de populações do interior do país.
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Código: BR RJCOC 02
Dimensão e suporte
– Documentos textuais: 111,02 m
– Documentos iconográficos: 36.204 itens (12.931 fotografias, 54 cartazes, 2.977 desenhos, 7.862 negativos de vidro, 12 mil fotogramas de negativos flexíveis, 67 tiras de negativos flexíveis com 320 fotogramas, 6 folhas de cópias-contato com 50 fotogramas, 1 caricatura e 9 imagens impressas)
– Documentos cartográficos: 45 itens (plantas)
– Documentos sonoros: 2 itens (registros de discursos em fitas cassete)
– Documentos audiovisuais: 2 itens (filmes/2 títulos)
Trajetória que se confunde com o desenvolvimento da saúde pública
O Instituto Soroterápico Federal, mais tarde, Instituto Oswaldo Cruz (IOC), em 1908, é o berço da atual Fiocruz. A história começa em 1900, com a criação de um instituto na bucólica Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro, para produzir soros e vacinas contra a peste bubônica, que havia atingido o porto de Santos e ameaçava a capital federal. Desde então, a instituição experimentou uma intensa trajetória, que se confunde com o próprio desenvolvimento da saúde pública no país.
O nome do Instituto foi dado em homenagem a Oswaldo Cruz, responsável pelas campanhas de combate à febre amarela, à peste bubônica e à varíola, no Rio de Janeiro, e em razão do sucesso alcançado com a realização da Exposição de Higiene no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, realizado em Berlim, Alemanha, em 1907.
O trabalho do Instituto Oswaldo Cruz logo ultrapassou os limites do Rio de Janeiro, com expedições científicas que desbravaram as lonjuras do país. O Instituto também assistiu a descoberta da doença de Chagas, por Carlos Chagas, em 1909.