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Evolução do hospital e gestão da saúde são temas de suplemento da HCSM

César Guerra Chevrand (COC/Fiocruz)

02 dez/2024

“Uma abordagem abrangente da complexidade do hospital como objeto histórico, uma reflexão sobre as múltiplas circulações e temporalidades da gestão do hospital, da medicina e da saúde pública na história contemporânea”. Esta é proposta do suplemento A evolução do hospital e a gestão da saúde: entre o local e o global, do volume 31 da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos.

Organizado pelas editoras convidadas Isabel Amaral, do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, da Nova Faculdade de Ciências e Tecnologia de Lisboa, Alexandra Esteves, da Universidade do Minho, de Braga (Portugal), e Céline Paillette, da Universidade Paris 1-Panthéon Sorbonne, o especial  da HCS-Manguinhos explora a “complexa interação entre influências locais e globais, mudanças culturais e sócio-políticas e progressos no conhecimento científico e tecnológico, em suma, os múltiplos significados da gestão da saúde global”.

Análise

Além da Carta de Editor, as três editoras convidadas também assinam artigos inéditos no suplemento.  Em “Os hospitais em Portugal no século XIX e na primeira metade do século XX”, Alexandra Esteves aponta as “mudanças e continuidades que, nesse período, ocorreram no campo da assistência à doença, fazendo referência à criação de diversas instituições”. Em seu artigo, Céline Paillette propõe alguns marcos para uma história da governança hospitalar global do final do século 19 a meados do século 20 e destaca o papel da International Hospital Association para discutir a “importância dos processos de internacionalização, das relações com outras organizações internacionais, das redes interpessoais transnacionais e das forças que estruturam a inovação”.

Ao analisar Lisboa como estudo de caso, Isabel Amaral utiliza a estrutura dos estudos de história da ciência, tecnologia e medicina para debater a “influência dos hospitais na especialização médica e as implicações resultantes para a história da saúde pública de 1880 a 1933”. Pesquisadora do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, da Nova School of Science and Technology, de Setúbal (Portugal), Monique Palma verifica a relevância da teoria miasmática para a construção e a organização espacial do Hospital Geral de Santo Antônio, no Porto, no século 19, sob o ponto de vista dos médicos recém-formados.

Assinado pelos pesquisadores do Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Renato da Gama-Rosa Costa, Renata Soares da Costa Santos e Giovanna Ermida Martire, o artigo “Hospitais de Manguinhos: reflexões sobre políticas científicas e patrimônio, das doenças tropicais à covid-19″ analisa o contexto de criação de dois espaços de assistência hospitalar da Fundação Oswaldo Cruz, em 1918 e 2021, e a sua contribuição para estudos sobre história das ciências e da saúde. Em “O ‘pharmakon’ da prevenção: imunidade artificial na pandemia de covid-19”, a pesquisadora da Universidade de Potsdam (Alemanha) Sofia Varino examina o conceito de “pharmakon”, que “abrange a ambivalência paradoxal dos efeitos nocivos e benéficos de qualquer intervenção terapêutica”, para avaliar “como o cuidado, o dano, o risco e a prevenção são implementados nas medidas de prevenção da covid-19”.

Imagens

O espólio fotográfico do médico e fotógrafo amador Jorge Marçal da Silva é o tema do artigo do presidente da seção de História da Medicina da Sociedade de Geografia de Lisboa, Manuel Mendes Silva. Preservada por sua família, a coleção de Jorge Marçal da Silva ilustra “o modus vivendi da população portuguesa, no interior rural, no litoral piscatório e na vida citadina, bem como algumas das que retratam os ambientes hospitalares e a assistência médica na capital” e se situa como fonte de reflexão historiográfica para a história da medicina portuguesa.