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Homeopatia é destaque na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos

20 dez/2019


    

A nova edição da revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos (volume 26 nº 4 outubro-dezembro de 2019) traz um dossiê dedicado à homeopatia nos contextos latino-americano e espanhol. Os artigos discutem as complexidades desse sistema médico para além da questão da sua eficácia, abordando atores e instituições, produtos no universo da terapia e os vários modos de circulação de conhecimentos médicos, bem como as suas contribuições para a saúde pública. A revista também está disponível na plataforma SciELO.

Editado pelos historiadores Jethro Hernández Berrones, da Southwestern University (Georgetown, EUA) e Patricia Palma, da Universidade de Tarapacá (Arica, Chile), o dossiê inclui um estudo que compara a introdução da homeopatia no Brasil e na Suécia, além de artigos que discutem seus avanços em Barcelona (Espanha), Lima (Peru), Cidade do México, Colômbia, Recife e Rio Grande do Sul.

Berrones é autor do ensaio Rompendo as barreiras da regulamentação profissional: licenciamento médico, influência estrangeira e consolidação da homeopatia no México, incluído no dossiê. O autor aponta que, após a independência do país, os homeopatas utilizaram-se estrategicamente do trabalho, dos produtos e de organizações de fora do país para implantar suas práticas e combater as políticas que ameaçavam as instituições ligadas à homeopatia.

Este número de HCS-Manguinhos também abre espaço para a discussão do Sistema Único de Saúde (SUS). No artigo O conceito de regionalização do Sistema Único de Saúde e seu tempo histórico, Guilherme Arantes Mello, Marcelo Demarzo e Ana Luiza D’Ávila Viana abordam o desafio de atualização do SUS. Os autores argumentam que o conceito de regionalização tradicional do SUS alcançou limites históricos de capacidade produtiva.

Seção ‘Fontes’ tem novos editores

Assumem a editoria da seção Fontes os pesquisadores Luciana Heymann, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), e Rogério Rosa Rodrigues, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Uesc). Em um contexto de propagação das chamadas fake news e de narrativas distorcidas sobre o passado, eles defendem, em carta publicada neste número, a importância das fontes, encarando os ataques sofridos atualmente pela história, os historiadores e o discurso científico.

Luciana e Rogério afirmam que identificar e divulgar fontes de pesquisa tem um significado que extrapola a mera descrição documental. “Trata-se de contextualizar e criticar documentos, em seus múltiplos formatos, apontando limites e potencialidades de sua exploração no campo da pesquisa histórica”, explicam os pesquisadores. “Mais do que isso, trata-se de operar uma historicização radical […], capaz de restituir os jogos de força que atuaram em sua produção, circulação e institucionalização.”

Na Carta do Editor, Marcos Cueto aborda as mudanças no Qualis Periódico, instrumento de classificação das revistas científicas. Os novos critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), farão com que muitos periódicos brasileiros desçam no ranking de avaliação. Sob o risco de não mais pertencer à área de História nos próximos anos, HCS-Manguinhos está entre as publicações que podem vir a ser afetadas com as mudanças.