Apresentar uma análise de Assombrações do Recife Velho, livro de Gilberto Freyre, é o objetivo do próximo Encontro às Quintas, do dia 24 de junho. Ricardo Benzaquen de Araujo, professor/pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), considera a obra de Freyre um tanto singular na bibliografia do autor.
Ela reúne uma série de histórias, supostamente correntes há décadas, ou mesmo séculos, entre várias gerações de moradores da cidade, que se referiam ao aparecimento de um conjunto numeroso e variado de entidades sobrenaturais, tais como fantasmas, lobisomens, monstros em forma de gente ou de animal.
O que mais chama a atenção de Ricardo Benzaquen é uma certa falta de articulação entre o comportamento dessas assombrações e de suas vítimas e qualquer argumento que possa sustentar a imposição de relações éticas e sociais mais sólidas.
“Não é que não exista nenhuma moralidade em jogo, é que todas as histórias editadas em Assombrações do Recife Velho parecem exibir a sua face mais tênue e delicada, o que gera, em Recife, uma atmosfera marcada pela aventura, pela imprevisibilidade e pelo terror”, afirma o pesquisador.
Essas e outras questões da cidade não muito hospitaleira, imprevisível e ameaçadora, segundo o palestrante, onde a tradição, expulsa durante o dia pela porta, teima em retornar à noite pela janela, com o objetivo de espalhar o desassossego e o terror, serão tratadas no Encontro às Quintas.
Ricardo Benzaquen também é professor assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, membro de corpo editorial da Revista Brasileira de Ciências Sociais, do Tempo Social – Revista de Sociologia da USP, da Ciência Hoje, da Revista de Historia da Biblioteca Nacional, da Revista Teoria e Cultura, da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Atua, principalmente, nos seguintes temas: Gilberto Freire, Modernismo brasileiro, Pensamento Social, sendo autor de Guerra e Paz: Casa-Grande e Senzala e a Obra de Gilberto Freyre nos anos 30; e Totalitarismo e Revolução: o Integralismo de Plínio Salgado.