“A arquitetura hospitalar constitui uma das contribuições mais relevantes para a fixação dos códigos formais, técnicos e espaciais da arquitetura do movimento moderno.” A afirmação é da professora Ana Tostões, catedrática do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e Coordenadora do Docomomo Internacional, que assina o prefácio do livro A Modernidade na arquitetura hospitalar: contribuições para a historiografia. A obra é organizada pelos pesquisadores Ana M. G. Albano Amora, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Renato Gama-Rosa, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
“Esta publicação pretende contribuir para ampliar as discussões e conhecimentos acerca da história dos espaços de saúde nas Américas, em especial, os hospitais, locais aos quais recorremos em algum momento de nossas vidas, e que, atualmente, têm sido objetos de maior atenção por conta dos efeitos dramáticos da nova pandemia [Covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2]”, afirma o pesquisador Renato Gama-Rosa. “Reconhecemos cada vez mais sua importância. Entretanto, pouco nos preocupamos com eles, enquanto espaços de memória, reflexão e objeto de pesquisa acadêmica, seja do ponto de vista histórico, arquitetônico ou cultural”, complementa.
O livro é resultado de um encontro realizado em 2014, parceria da UFRJ com a Casa de Oswaldo Cruz, com apoio da CAPES. “Desde então, já ocorreram mais dois encontros, no México e no Chile. O terceiro estava programado para correr ainda este ano, em Buenos Aires, mas foi adiado por conta da pandemia”, explica Renato Gama-Rosa, que está à frente do mestrado profissional em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde da COC. Ele também é coordenador, no Brasil, do Docomomo, um comitê para documentação e preservação de edifícios, sítios e unidades do movimento moderno presente em 69 países.
Renato Gama-Rosa. Foto: Reprodução. |
Lançada pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, A Modernidade na arquitetura hospitalar: contribuições para a historiografia aborda temas higienistas, filantrópicas, passando pelo urbanismo e arquitetura, sem deixar de lado a ciência envolvendo a arquitetura dos hospitais em países como Canadá e Chile, Colômbia, México e Brasil. Resultado do 1º Seminário Internacional sobre História da Arquitetura Hospitalar, a obra foi estruturada respeitando a ordem de apresentação dos textos no evento promovido em 2014 na UFRJ, no Rio de Janeiro.
A primeira parte do livro aborda os fundamentos da arquitetura hospitalar e traz textos de Ana Albano Amora, Hugo Segawa e Maria Lilia González Servín. A segunda reúne artigos de dois historiadores e professores das ciências e da saúde da Casa de Oswaldo Cruz, Jaime Benchimol e Gisele Sanglard, que apresentam estudos sobre os hospitais no Rio de Janeiro.
Na terceira parte, a obra traz o olhar de arquitetos sobre o hospital moderno e a preocupação com o patrimônio, tema de discussões contemporâneas relacionadas à conservação deste programa arquitetônico em diversos países, com contribuições de Annmarie Adams, Nivaldo Andrade, Renato Gama-Rosa Costa, Laura Alecrim e Luiz Amorim. A última parte é dedicada à relação entre o hospital e o seu lugar no território em que está inserido, com artigos de Carlos Eduardo Nieto e Claudio Galeno-Ibaceta.
Serviço
Livro: Modernidade na arquitetura hospitalar: contribuições para a historiografia – Volume 1
Organizadores: Ana M.G. Albano Amora e Renato Gama-Rosa
Editora: Proarq/FAU/UFRJ
Ano: 2019
Páginas: 289
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