Chegou ao fim a recente restauração realizada no Pavilhão do Relógio, no campus da Fiocruz, em Manguinhos, que teve como objetivo principal recuperar telhados e beirais que se apresentavam em mau estado de conservação. Além disso, foram realizadas ações de restauração das fachadas, esquadrias e no interior da edificação. O relógio, que dá nome ao pavilhão e fica na torre central, também passou por intervenção, como explicou o arquiteto do Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz, Bruno Teixeira de Sá: “A máquina no relógio estava em bom estado, pois tem uma manutenção boa, com um especialista que toda semana verifica, ajusta o horário e dá a corda. Então não foi necessária a restauração. O que fizemos foi a pintura dos números nos vidros dos relógios laterais, aproveitando os andaimes da obra”.
A próxima ação prevista para o edifício será a instalação de um novo sistema de ar-condicionado, cujo projeto está sendo desenvolvido no momento. Depois da instalação, o local será reaberto à visitação, provavelmente, com a mesma exposição que abrigava antes do fechamento para obras: “Manguinhos Revelado,” com parte do acervo fotográfico da Casa de Oswaldo Cruz (COC) sobre história da saúde no Brasil.
O Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos (Nahm) e sua requalificação
O Pavilhão do Relógio foi a primeira construção do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, o conjunto de edificações erguidas pelo arquiteto português Luís Moraes Jr, conforme idealização de Oswaldo Cruz, para compor um complexo de produção e pesquisa com o objetivo de combater as epidemias da época.
Finalizado em 1904 e Inspirado na arquitetura ferroviária inglesa, o pavilhão dedicava-se a atividades relacionadas à pesquisa sobre a peste bubônica e à preparação do soro e vacina contra a doença, que se espalhava pelo mundo e crescia no Brasil. Por esse motivo, foi originalmente denominado de Pavilhão da Peste.
O local possuía dois laboratórios: em um deles, eram mantidos os ratos infectados; no outro, era feita a análise das culturas de bactérias e preparada a vacina. Além de laboratórios, abrigava também baias enclausuradas para os cavalos inoculados, onde eram monitorados durante o desenvolvimento dos anticorpos no sangue extraído para a produção do soro. Posteriormente, o prédio também serviu à fabricação da vacina contra a varíola.
A edificação foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), em janeiro de 1981, juntamente com as outras construções do conjunto arquitetônico original, como o Pavilhão Mourisco, o Castelo da Fiocruz e a Cavalariça.
O pavilhão está inserido no projeto de requalificação do Nahm, que prevê a restauração e novos usos para as edificações históricas, com mais exposições e espaços abertos. Entre os objetivos da requalificação, destacam-se a preservação e valorização do patrimônio arquitetônico, o compartilhamento do conhecimento produzido pela Fiocruz, a integração da região de Manguinhos no mapa cultural do Rio de Janeiro e a ampliação do circuito de visitação do Museu da Vida Fiocruz.
O projeto de requalificação para o Pavilhão do Relógio ainda está em desenvolvimento, mas o local deve ganhar uma intervenção expositiva que conte a sua história e importância para a saúde pública no Brasil.