O conhecimento envolvido na restauração do antigo biotério da Fiocruz, também chamado de Pombal, está sendo compartilhado com a sociedade por meio de ações de educação patrimonial, como cursos de qualificação profissional, produção de vídeos, painéis informativos e publicações impressas e digitais. A restauração do espaço, assim como todos os projetos de requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos (Nahm), tem em seu escopo um Programa de Educação Patrimonial com ações integradas às atividades de preservação e restauração desenvolvidas na própria obra.
O programa faz parte de uma proposta educativa continuada realizada pelo Serviço de Educação Patrimonial da instituição e apresenta um conjunto de ações voltadas para a difusão de saberes relacionados às técnicas e materiais envolvidos na restauração, além de capacitação profissional para atuação no campo da preservação do patrimônio cultural. Os cursos oferecidos são sempre pensados a partir dos materiais existentes nas edificações, como, por exemplo, a argamassa. Também são gratuitos e abertos ao público em geral por meio de processo de seleção.
Foram realizados três cursos de qualificação profissional no âmbito do Programa de Educação Patrimonial vinculado à obra do Pombal. Entre os temas abordados, técnicas de conservação e restauração de elementos em cerâmica, técnicas de conservação aplicadas ao acervo arqueológico, e conservação e restauração de alvenarias e argamassas históricas. Este último curso abordou também a questão do rocaille, tipo de acabamento que imita elementos da natureza. Estão sendo realizadas ainda oficinas com as equipes envolvidas na obra sobre regras e condutas básicas para prevenção de riscos relacionados a obras de restauração.
Além dos cursos de qualificação, entre as ações concluídas e em andamento, também fazem parte do programa a realização de ciclos de palestras e um plano de comunicação para informar a comunidade Fiocruz e a sociedade em geral sobre as etapas da intervenção e seus resultados.
A iniciativa “Canteiro Aberto” realiza visitas guiadas à obra, abertas ao público, conduzidas por arquitetos do Departamento de Patrimônio Histórico da Fiocruz e da empresa Biapó, resposnsável pela obra. Os tapumes cercando o local contam a história do antigo biotério e mostram o que será feito por lá, tendo como público-alvo as pessoas que circulam pelas imediações da edificação.
O processo de restauração do Pombal e a importância de se preservar o patrimônio histórico também são registrados em produtos audiovisuais. Está sendo produzido um vídeo para a série “Mestres e Ofícios”, que divulga o universo dos ofícios tradicionais que permeiam o patrimônio cultural brasileiro. Feito a partir do registro audiovisual das atividades do “Curso de qualificação em conservação e restauração de alvenarias e argamassas históricas”, com o mestre João Batista, o vídeo será disponibilizado gratuitamente com legendagem em inglês e espanhol, janela de libras e audiodescrição, o que amplia o seu alcance e acessibilidade. Também estão sendo produzidos seis vídeos para a série “Fiocruz conservando o patrimônio da ciência e da saúde”, abordando diferentes temas trabalhados na obra.
O conhecimento produzido no contexto da obra do Pombal também vai render dois livros, em português e inglês, para a série “Guias do Patrimônio Cultural da Fiocruz”. Com versões digital e impressa, as publicações trazem conteúdo sobre a formação do campus de Manguinhos, os acervos sob tutela da Casa de Oswaldo Cruz, o Plano de Requalificação do Nahm, além informações sobre as edificações que integram o conjunto histórico.
Para Maria Luisa Carcereri, chefe do Serviço de Educação Patrimonial, as ações previstas levam em conta que o patrimônio cultural é um dos elementos da cidadania contemporânea, e que investir em sua preservação significa também criar mercado de trabalho e construir conhecimento:
“Preservar o patrimônio cultural é, assim, uma forma de favorecer a equidade social, garantindo a todos o direito de expressão e acesso aos bens sociais e ao patrimônio cultural brasileiro,” destacou.
Prédios históricos restaurados e novos espaços expositivos
A transformação do antigo biotério da Fiocruz em espaço cultural faz parte do plano de Requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos. Este conjunto é formado pelos prédios erguidos no começo do século 20 como parte do então Instituto Soroterápico Federal e originou um complexo de pesquisa e produção de soros e vacinas para combater as epidemias da época.
A proposta é transformar o campus da instituição em um parque da ciência e tecnologia, ampliando o circuito de visitação do Museu da Vida Fiocruz, com mais edificações centenárias restauradas, espaços abertos e atividades culturais.
O Pombal é formado por oito módulos, com gaiolas que abrigavam modelos animais de pequeno porte para pesquisa, dispostos ao redor de uma torre onde eram criados pombos-correio para a comunicação dos cientistas da instituição. O local vai se tornar um amplo espaço de convívio, com atividades educativas e culturais, intervenções expositivas com foco em saúde, meio ambiente e sustentabilidade, além de espaços de lazer e piquenique na área externa.
A restauração do Pombal, a nova exposição e o Programa de Educação Patrimonial são uma realização da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), do Ministério da Cultura e do Governo Federal, com gestão cultural da Sociedade de Promoção da Casa de Oswaldo Cruz (SPCOC). Conta ainda com o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e patrocínio de Instituto Vale, BASF, Enauta e Bayer, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.